
Dentre desafios como carga tributária, mudanças climáticas e novos hábitos de consumo, a Cooperativa Vinícola Garibaldi destacou como essas questões podem ser impulsionadoras de crescimento durante a realização do painel Mapa Econômico RS, promovido pelo Jornal do Comércio na CIC Garibaldi, quinta-feira (7). O presidente da cooperativa, Oscar Ló, destacou que é preciso estar vigilante às adversidades para promover uma nova dinâmica no mercado. “Tem que estar muito atento a esses novos desafios. O consumidor quer novidade, e o produtor, a indústria, tem que se adequar a essa nova realidade. Então, são oportunidades que surgem que a gente não pode deixar passar, porque são novas oportunidades, novos nichos, novos mercados”, disse Ló, no evento mediado pelo editor-chefe do JC, Guilherme Kolling.
Ao lado dos também painelistas Neco Argenta, presidente do Grupo Argenta, e Maria Anselmi, fundadora e CEO da Malharia Anselmi, Ló apresentou um panorama do setor vitivinícola, que quase dobrou de tamanho nos últimos 25 anos, reforçando, também, a importância social da cultura da uva e do vinho na região. Segundo ele, há 25 anos, se produzia cerca de 450 milhões de quilos de uva por ano. Hoje, são 750 milhões de quilos, com condições de se chegar a 800 milhões de quilos. “Nosso setor, economicamente, é pequeno quando comparado a muitas empresas, mas ele tem uma importância social muito grande. Temos mais de 100 mil pessoas que trabalham no setor, são mais de 12 mil famílias que vivem, basicamente, da uva”, destacou.
Só na cooperativa, são 460 cooperados que exercem a atividade. Há cerca de 15 anos, eles experimentaram um novo momento na produção, quando a cooperativa deu início a um planejamento estratégico para fazer do espumante o carro-chefe do negócio. Com a reconversão nos vinhedos para o plantio de uvas viníferas, houve, também, um outro importante avanço social e econômico. “Na cooperativa, mais de 40% dos vinhedos são de uvas viníferas. Isso trouxe um ganho de rentabilidade na propriedade, estimulando, inclusive, a permanência dos jovens no campo. Temos muitos casos de jovens que foram estudar na cidade e voltaram para a propriedade para trabalhar com os pais na produção de uva. O cultivo propicia remuneração justa e qualidade de vida, fazendo com que tenha uma continuidade dentro da propriedade. Não falamos mais em sucessão rural, e sim em continuidade da propriedade”, destacou Ló.
O presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi também disse que desafios como as mudanças climáticas levaram a organização a intensificar a presença de cooperados nas viagens técnicas realizadas à Itália. Há três anos, grupos de produtores viajam para conhecer mais sobre cultivo e produção e para aproximar dessa realidade vivenciada pelo setor vitivinícola mundial. “Temos que buscar alternativas diante disso, e o exemplo que nós temos é o vinhedo experimental”, disse. Em Santa Tereza, a cooperativa mantém o cultivo de cerca de 60 variedades para testar a resistência e o potencial enológico. Depois de três, quatro anos de testes de desempenho no campo, as variedades passam por microvinificações. Caso mostrem potencial, são lançadas no mercado. “Então, adquirimos as mudas e incentivamos os cooperados a cultivar”. Do vinhedo experimental surgiram produtos inéditos no mercado brasileiro. Foi o caso dos vinhos brancos Irsai Oliver, variedade da Hungria, que será lançado em breve, e o Pálava, cuja cepa tem origem na República Tcheca, lançado no ano passado. “O desafio climático se transformou em uma nova oportunidade”, reforçou.
A preocupação com as mudanças climáticas soma-se a outras. Uma delas é a questão tributária. A reforma colocou o vinho dentro do imposto seletivo, onerando ainda mais sua já pesada carga de impostos. “Ainda não sabemos de quanto vai ser essa taxa, mas o setor trabalha para que ela seja a mais baixa possível”, informou. O setor também trabalha para tentar classificar o vinho como complemento alimentar, a fim de reduzir sua carga tributária. “Isso é um pouco mais complicado”, reconheceu. Outra preocupação é o acordo entre União Europeia e Mercosul, que vai baratear os vinhos europeus no país. “O setor não está preocupado com a concorrência porque nós temos condições de sermos competitivos. O problema é que a Europa subsidia muito a produção vinícola deles. Então, vamos estar concorrendo de forma desigual”, disse Ló, que também citou a entrada de vinho no mercado nacional sem procedência, o chamado descaminho. “As estatísticas mostram que para cada três garrafas de vinho legal que vêm da Argentina para o Brasil, uma vem do descaminho”.
Mesmo assim, Ló é otimista com o potencial de crescimento do setor no Brasil, tanto através do vinho quanto do enoturismo. O país tem uma taxa de consumo per capita da bebida levemente acima de 2 litros, bem abaixo da vizinha Argentina, onde chega a 25 litros. “Nós não teríamos condições de atender o mercado se fosse assim. No enoturismo, estamos há pouco tempo explorando a atividade de forma profissional. Então, o potencial de crescimentos que temos é enorme”, disse Ló.
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